Tuesday, 20 November 2012

Questão Individual 5: Mostra-me o teu Limoges, e te direi quem és



Pós-graduação em Artes Visuais - Cultura e Criação
Senac - Centro Nacional de Educação a Distância

Questão Individual 5

Texto:
Mostra-me o teu Limoges, e te direi quem és

por Thiago Cerejeira


A verdade é que já não se fazem mais Limoges como antigamente. A aristocrata sociedade do começo do século XX exibia e ostentava estes ricos serviços, compostos por louças pintadas a mão, com decoração especialmente pensada e planificada, como nas célebres peças de peixe com pinturas exclusivas e posteriormente assinadas. O exemplo desta porcelana clássica, representa bem a evolução sofrida pelo design, ao longo deste período, que irá culminar com a decadência da estética modernista. Neste caso específico, evidencia-se a constatação de que nos dias atuais, as fábricas de Limoges continuam produzindo suas louças, com formas e motivos inteiramente modernos, embora a tradicional seja também feita em novas linhas. Algumas dessas fábricas ainda aceitam encomendas para completar serviços antigos, porém pelo seu elevado preço, estas encomendas nem sempre tem o sabor e a nostalgia das peças pioneiras, já que estas, banhadas pelo tempo, adquiriram encanto e valor inestimável.




 Limoges do século XIX


Uma rápida passagem, pela historiografia do design, permite observar que as iniciativas de artistas modernos, demonstram a relação entre arte e design, presente nas propostas modernistas. O móvel fazia parte de um ideal moderno, em harmonia com a nova estética do período. Influências da Arte Déco e do Cubismo eram as referências destes artistas. A partir da década de 50 a euforia desenvolvimentista foi baseada na racionalidade e no planejamento. É neste período que o design se moderniza, não apenas para atender uma demanda da nova arquitetura, mas para acompanhar uma nova ordem social, política e cultural que se estabelece. A associação entre arquitetura, design de interiores, mobiliário e progresso contribui para o trabalho de vários profissionais, que passam a trabalhar junto a arquitetos, fornecendo móveis e utensílios com a mesma linguagem moderna dos espaços aos quais se destinam. Esta parceria pode ser exemplificada pela concepção de Walter Gropius, idealizador das principais diretrizes da escola alemã Bauhauss, que enfatizava que, o design era a unidade entre a arte e a técnica, isto é, entre a  pesquisa estético-formal e as novas condições tecnológicas da modernidade. Os projetos deveriam portanto, incorporar características específicas dos processos de fabricação seriada.

A noção de contexto se instala desde os primeiros movimentos dos anos 1960, quando ocorreu a transfiguração do banal com a Arte pop. O deslocamento do significado da obra para além de sua materialidade, para outro contexto, é o que dá nexo à obra de arte. A arte existe, então, para além dos objetos; ela se configura dentro do pensamento de quem a aprecia, de quem usufrui e mesmo a completa segundo o contexto de onde ela se originou e o contexto em que ela se encontra.  As obras de Gaetano Pesce, Alessandro Mendini e Irmãos Campana têm efetivamente uma relação com tal ideia, no aspecto do questionamento inconformista, na irreverência e na reciclagem de materiais antes considerados desprezíveis. No passado, as regras ditadas pela estética modernista vinham acompanhadas do emprego de materiais suntuosos e nem sempre de custo acessível. O anti-modernismo surgiu como um questionamento, sobretudo a este ditame, que parecia considerar estes critérios de suntuosidade como sinônimo de bom gosto e indissociáveis entre si. Os movimentos antimodernistas recentes quebraram estas barreiras, possibilitando um ecletismo e uma livre circulação, onde não há o belo ou o feio, mas simplesmente a aceitação de que tudo pode ser reaproveitado, e de onde pode surgir uma idéia surpreendente que redimensiona os parâmetros estéticos.

O design pop desses artistas, oferece experiências lúdicas, porque sugere ironia e humor, por meio das formas que surpreendem. O móvel deixa de ser pensado como produto funcional apenas. Recebe elementos que possibilitam uma interação com os usuários a partir das sensações e da subjetividade que são estimuladas por cores vibrantes, formas orgânicas e materiais sintéticos e variados. Eles recriam e redesenham os objetos criando uma forma irônica e cheia de estilo aos que as contemplam. Oferecem nova vida a objetos obsoletos e até desprezados fazendo-os renascer. Os  objetos são caracterizados por suas transformações, e assim, os artistas mostram como um móvel antigo pode se transformar, criando uma aparência mais moderna (do clássico ao contemporâneo)  a partir de suas interferências, deixando evidente, a conexão que o ser humano tem com o passado.



 Cadeiras Mendini, 1973 - Alessandro Mendini



cadeira Favela, 2003 - Irmãos campana


Contra essas condutas elitistas e a linguagem hermética do Modernismo, vai se desenvolver o Pós-Modernismo. E esse movimento é um filho direto da sociedade de consumo. Enquanto os modernistas fizeram questão de se manter à parte daquilo que era popular e de massa, imbuídos de ideais heroicos e políticos, o Pós-Modernismo sucumbe de vez ao apelo do consumo e da variedade. Desde os anos 1920, arquitetos modernos funcionalistas criavam projetos que transformavam as moradias em "máquinas para morar". Seus projetos foram amplamente utilizados, sobretudo depois da Segunda Guerra, em projetos urbanistas em que a racionalidade e a adequação à função passavam à frente do bem-estar dos que viviam nesses espaços e moradias que renegavam toda a tradição cultural do local. Por outro lado, a maneira de encarar o urbanismo e a arquitetura marcou o que se pode chamar de cidades-colagens, em que o velho e o novo participam com a mesma intensidade e criam um ambiente acolhedor para os habitantes. Longe renovar a cidade com construções todas semelhantes, com torres de concreto e vidro, o urbanismo pós-moderno deveria partir do que havia e revitalizar os sinais desse passado, garantindo a identificação da população com seu espaço urbano. Um grande marco dessa cultura híbrida foi o edifício da AT&T, com seu frontão em estilo Chippendale, sobre a torre de vidro que se apoia em colunas gregas, sinais de um ecletismo fulgurante que passará a marcar toda a cultura da Pós-Modernidade. O edifício da AT&T em Manhattan, hoje o edifício da Sony, foi concluído em 1984 e imediatamente suscitou críticas por seu frontão em estilo Chippendale. Foi visto como uma provocação em grande escala: coroar um arranha-céu em Manhattan com uma forma com ecos de acabamento de guarda-roupa histórico desafiou o preceito da estética: padrões históricos tinham sido efetivamente alijados dos preceitos da arquitetura moderna. Outros críticos viram o edifício da AT&T como o primeiro exemplo de Pós-Modernismo necessário para a dissolução do impasse do Modernismo.



Edifício da AT&T, Manhattan, 1984 - Phillip Johnson

Atividade Prática 10 - Bloco Repetição: "Flor"



Pós-graduação em Artes Visuais - Cultura e Criação
Senac - Centro Nacional de Educação a Distância

Atividade Prática 10 - Bloco Repetição


"Flor"


A proposta de criação para esta atividade tomou como base o seguinte princípio:

“a) A repetição é o que permite a percepção de ritmos espaciais e temporais. Crie uma imagem em que diferentes ritmos se combinem e cujo resultado comunique equilíbrio.”

O ato de repetir, tornou-se uma constante da modernidade, pois com o advento da Revolução Industrial, essa fórmula foi adotada por várias esferas sociais, incluindo a arte.  Passou a ser frequentemente associada à produção de objetos iguais, aos gestos repetidos, de acordo com o ritmo das  máquinas, a padronização do comportamento e a massificação dos indivíduos, determinando assim sua inevitável presença, no contexto urbano das grandes cidades.

Embora inicialmente tenha se apresentado como um aspecto negativo, mesmo havendo uma crença nos benefícios da indústria para a vida cotidiana, a ideia de repetição assumiu valores positivos em certos casos, e  nem sempre foi associada aos processos industriais. É o que observamos por exemplo, na fotografia de Rodtchenko, que mostra a repetição,  como atividade do dia a dia, e ao mesmo tempo como padrão geométrico abstrato, fato que leva à reflexão de uma das principais filosofias do Construtivismo, onde  as formas deviam negar as posições estáticas e a própria noção de estabilidade.  Assim a forma era concebida como uma construção espacial, combinação de elementos visuais em novas imagens da realidade.


A escada, 1930 - Alexandre Rodtchenko


A idéia de repetição pode ser associada à ideia de ritmo, pois a  percepção de um ritmo é a percepção de algo que se repete regularmente,  no espaço ou no tempo, seja um som, um movimento, ou qualquer outra coisa. O ritmo é uma experiência vital, ligada aos batimentos cardíacos, à respiração, ao falar e ao caminhar, por isso a sua sensação transmite harmonia e beleza. Neste sentido, outra obra que se apresentou interessante para a concepção deste projeto foi o Vestido Dior, que apresenta semelhanças com a fotografia de Rodtchenko.  Ambas mostram mulheres subindo escadas, e fazem da estrutura em degraus uma motivação plástica, um princípio determinante do trabalho. No vestido, isso é visível tanto no próprio plissado do tecido, quanto na modelagem da saia, que cai em uma sequência de camadas, da cintura ao chão.



 Linha Vertical, 1950 - Christian Dior


Seguindo o critério que Dior usou em seu vestido, que funciona como uma espécie de música para os olhos, onde  uma combinação de ritmos visuais, se sobrepõe e se misturam, como que exaltando a   graciosidade das curvas femininas, em um  exemplo perfeito daquilo que ele mesmo chamou de "mulher-flor", formas harmoniosas que desabrocham em movimentos e camadas, e linhas que se propagam no espaço.

A partir dessa inspiração, adotou-se a proposta da elaboração de um projeto, fundamentado na conceituação definida por Donald Judd, de objeto específico, que não é necessariamente pintura ou escultura, mas que está em  diálogo com as duas linguagens. Pensou-se então na projeção de um objeto tridimensional, que seria organizado a partir da repetição de um mesmo elemento, porém com diferenças em sua estruturação.

O material pensado para a criação, foi essencialmente o papel virgem, peso 40, branco, modelado em forma de plissado, como nos efeitos obtidos, tanto na fotografia como no vestido, e dispostos em uma ordem estruturalmente crescente, em uma alusão ao particular formato de uma "flor".  Para tanto, a imagem de referência escolhida para a composição deste objeto, foi a de um cravo branco, pela sua peculiar característica do formato das pétalas, que tem um efeito próximo ao dos resultados ópticos das obras de Rodtchenko e Dior.


 
Imagem de referência: Cravo branco


As etapas de montagem compreenderam um processo muito simples, que se iniciou com a modelagem e dobradura das folhas de papel em formato plissado, onde foram posteriormente organizadas em um suporte. As folhas plissadas ou “pétalas”, foram propositalmente elaboradas em tamanhos diferentes, para que pudessem apresentar a sensação de, ora expansão, ora afunilamento, como em um desabrochar.



Materiais utilizados no processo de construção


A "Flor" obtida como resultado deste processo prático, carrega em si um
apelo conceitual, que poderia ser associado à ideia de Joseph Kosuth, quando disse que " as verdadeiras obras de arte são as idéias". Com sua frase,  Kosuth nega que a arte seja uma produção de objetos, e afirma que ela é uma produção de pensamentos sobre os objetos, pensamentos sobre os seus significados, e finalmente sobre o próprio modo como os pensamentos são estabelecidos pela linguagem.

Portanto fazer arte seria investigar a relação entre as coisas e as suas representações visuais e verbais, que são formas de linguagem, com as quais pensamos e conceituamos as coisas.  Como a arte é a própria produção  dessa ideia, o observador torna-se também artista, pois produz arte. Uma arte como ideia não pode ser comprada, pode apenas ser pensada por qualquer pessoa, logo essa arte da reflexão seria também uma crítica aos mecanismos do mercado, que tendem a favorecer o objeto de arte único, valorizado como mercadoria para poucos.
O resultado final do processo, que pretende atender à solicitação desta atividade, pode ser conferido na imagem a seguir.




Flor, 2012 – Thiago Cerejeira

Fórum 10 - Bloco Repetição



Pós-graduação em Artes Visuais - Cultura e Criação
Senac - Centro Nacional de Educação a Distância



Fórum 10 - Bloco Repetição

Warhol, Kosuth, Judd e Resende tratam de afirmar é que a arte está nas relações que eles criaram entre certos objetos, imagens e pessoas, e que cada espectador será capaz de vivenciar e dotar de sentido. O que isso lhe recorda? O readymade de Marcel Duchamp, provavelmente. Afinal, este consiste justamente em um objeto industrializado, portanto produzido em série, igual a outros tantos, que a ação do artista situou como arte. Agora reflita sobre a ação de Resende, sobre as coisas e a situação em que ele atuou. Neste fórum, debata sobre as possíveis relações e diferenças entre a obra de Resende e a obra de Duchamp; considere os materiais, as configurações, os lugares e o público envolvidos em suas respectivas ações.


Resposta:


"...Todo dia ela faz tudo sempre igual...
 Todo dia ela diz que é pra eu me cuidar...
 Todo dia eu só penso em poder parar..."

O trecho da música de Chico Buarque é um bom exemplo de como a repetição se faz presente em nosso "cotidiano". Gestos e ações que se repetem, constantemente, sem na maioria das vezes, nos apercebermos. Essa pode ter sido uma das consequências da urbanização e da modernidade, que trouxe um ritmo mais frenético e acelerado para a rotina das pessoas.

Ao longo do século XX, as artes passaram  então, a romper com a bipolaridade que classificava  as obras em pintura/escultura e, a partir daí, novos e inusitados meios de expressão artística são retirados de nosso cotidiano, e estetizados como se fossem criações inéditas e originais.

Tantas vezes já se falou por aqui em Duchamp, mas nunca é demais reforçar que ele é de fato, o grande culpado por isso tudo, pois suas propostas que contrariavam a noção tradicional de objeto de arte, foi determinante para que se definisse a corrente da arte contemporânea, na qual se propunha  que  alguém seria considerado artista, por suas idéias e não por suas habilidades manuais. Esse é um aspecto que fica evidente, na obra clássica de  Kosuth, vista no bloco, e que vai se fixar nos preceitos da arte conceitual, em que fica implícita a própria negação do objeto,
tendência que irá se fixar a partir da década de 60,  com diferentes linguagens como as intervenções,   performances e a body  art.

A notoriedade das intervenções, se fez e se faz presente, em  muitas exposições artísticas contemporâneas, e se tornou um grande sucesso porque permitiu a interação entre o espaço e o espectador, além de se utilizarem de materiais diversos para a síntese de suas mensagens. Aos poucos conseguiram romper com as barreiras das salas de exibição, galerias e museus para se tornarem públicas e intervirem na apreensão do espaço urbano. Essa possibilidade de uso de recursos e  materiais inusitados, agradou ao grande público, e foi responsável por uma popularização da arte. Seu ponto fundamental é o poder de reflexão que desperta no observador acerca da sua vida, do seu em torno, da sua cidade. E nesse sentido, nem precisamos justificar o que há em consonância entre Duchamp e Resende, mesmo considerando a diferença de suas épocas, já que as obras de ambos,  instigam a imaginação, mexem com o imaginário do público, expõem de maneira estética as questões práticas e filosóficas que assolam a mente do homem contemporâneo.

Exemplifico com mais duas intervenções, a de Eduardo Srur, Garrafas pet coloridas no Tietê, que faz  a crítica à poluição ambiental, ao descaso da população com os recursos naturais, e se veste de um colorido que enfeita a cidade de São Paulo num de seus pontos mais nevrálgicos. E  Jean Shin, com sua "Onda de Som", no Museu de Arte e Design de Nova York.

Segue um link sobre Intervenções urbanas, interessante para quem quiser aprofundar a discussão:

http://www.arquitetonico.ufsc.br/intervencoes-artisticas-no-espaco-publico

E para não dizer que não falei em Warhol, sem dúvida, o artista que melhor sintetizou a arte da repetição,  inconfundível em seu enaltecimento da sociedade de consumo, deixo outro link, desta vez   para vivenciar o trabalho de Warhol em suas serigrafias em série, onde se pode clicar e mudar os diferentes tons das cores. E viva Marilyn.

http://www.webexhibits.org/colorart/marilyns.html



Atividade Prática 9 - Bloco Geometria: "Geolight"



Pós-graduação em Artes Visuais - Cultura e Criação
Senac - Centro Nacional de Educação a Distância


Atividade Prática 9 - Bloco Geometria


"Geolight"


a) No último fórum, você debateu os valores que atribui às relações visuais baseadas na geometria. Crie uma imagem que expresse o exemplo e as idéias que elaborou nesse fórum.

Partindo do direcionamento acima, procurou-se utilizar a referência da arte minimalista, que a partir da década de 1960, destacou-se com a geração de artistas, que empregou em suas obras, conceitos e aspectos  relacionados à geometria.  Para essa nova geração, havia chegado o momento de questionar muita coisa, e uma delas era  a idéia de objeto de arte vendido como mercadoria, que fez com que muitos deles, procurassem uma maneira alternativa de fazer arte, tirando-a das  galerias e  desencorajando  a noção de arte como um objeto de consumo.

Dessa forma, podemos dizer que a arte minimalista recupera a proposta de Duchamp de utilizar materiais retirados da vida cotidiana em suas obras e, ao mesmo tempo, transfere para o espectador a responsabilidade de pensar a obra de arte, além de impor a noção de contexto como sendo indispensável para a compreensão do objeto artístico.  O objeto é simples e não deve ser composto. O minimalismo é, ele próprio, definido pela apresentação de objetos com formas elementares e geométricas, como o  ângulo reto, o quadrado, o cubo, o triângulo, o cone, o círculo, pois a qualidade artística passa a depender de uma presença concreta.

Contudo, já era possível observar vestígios desses aspectos, que propunham a  identificação entre geometria e produção industrial, na concepção de design promovida pela escola alemã  Bauhauss. O design era a unidade entre a arte e a técnica, isto é, entre a pesquisa estético-formal e as novas condições tecnológicas da modernidade. Os projetos deveriam portanto, incorporar características específicas dos processos de fabricação seriada. O vocabulário geométrico foi então assumido, como mais próximo aos parâmetros industriais, e é por isso, que a criação de alunos e professores da escola são tão claramente geométricas, como vemos nos móveis e objetos do interior abaixo, que serviu como inspiração para o desenvolvimento da proposta desta atividade.


 Escritório na Bauhaus, 1923 - Walter Gropius


Pensou-se então, na utilização do conceito de assemblage, tomando-se para tal um abajur antigo, que possuía, especialmente, um formato puramente geométrico e que neste caso seria compatível com o princípio defendido por Gropius, quanto a geometria e a indústria, no que tange à padronização,  ao se referir que ambas constroem formas complexas a partir de elementos básicos, sejam os pontos e linhas da geometria, sejam os módulos pré-definidos, que  originam diferentes produtos na indústria.


 Abajur com formas geométricas


Assim, a idéia de assemblage foi pensada, de maneira a manter-se as formas originais do objeto, mas com interferência em seu aspecto visual, sendo direcionado para uma composição que privilegiasse algum efeito de geometria óptica, com caráter contrastante. Desse modo, duas obras em questão, da arte minimalista e da moda, foram utilizadas como referência, por apresentarem uma composição plástica interessante e que corresponderia ao objetivo pretendido pelo autor.

 Superfície plana (zinco), 1969 - carl andre

 Coleção de outono, 1971 - Rudi Gernreich


Os padrões geométricos presentes nestas obras, exercem grande influência sobre a forma dos suportes.  As combinações entre quadriculados grandes e pequenos, ou entre diferentes listrados, todos no agudo contraste entre preto e branco, dificultam a percepção dos contornos.  Inspirados na ambiguidade óptica do Op Art, os padrões vibram e criam confusão visual. Neste sentido procurou-se utilizar na elaboração do assemblage, elementos semelhantes, e que inclusive pudessem provocar sensação idêntica. Partindo dessa necessidade, foram definidos os tons que iriam intervir na criação, o branco e o preto fundamentalmente, tanto para a pintura da base do abajur, como para o padrão têxtil com listras, escolhido para o forro da parte superior.


 Materiais usados na produção do assemblage


A ideia foi produzir uma obra que contemplasse a geometria, tanto no aspecto estrutural, como no decorativo, procurando não obedecer necessariamente uma simetria obrigatória, fato evidente na aplicação do tecido da parte superior, que propositalmente, teve recortes aplicados em sentido contrário, como pode-se observar na imagem abaixo,resposta à  solicitação desta atividade.


 Geolight (Assemblage), 2012 - Thiago Cerejeira