Sunday, 23 September 2012

Fórum 6 - Bloco Sinuosidade



Pós-graduação em Artes Visuais - Cultura e Criação
Senac - Centro Nacional de Educação a Distância


Fórum 6 –Bloco  Sinuosidade

A flexibilização de limites é, portanto, uma proposta que surge com a própria modernidade estética e está envolvida na dissolução de fronteiras rígidas entre figura e fundo, objeto e espaço, interior e exterior. Reflita agora sobre as duas fotografias de moda das obras de Poiret e Versace e compare-as do ponto de vista de sua plasticidade. Debata: como se caracterizam as relações entre corpo e espaço em cada obra?

Resposta:

É,De fato, muito interessante a possibilidade da comparação entre Poiret e Versace. Dois  artistas  visionários, mestres de seu tempo, que souberam  estimular o gosto pelo duvidoso,  e  explorar as   relações entre o corpo e a sensualidade. Paul Poiret, expressivamente excêntrico. Gianni  Versace,  essencialmente  sexista. Definições,  que traduzem bem  o perfil desses dois criadores e que, estão  implícitas, nas duas fotografias em questão, analisadas no contexto da sinuosidade.

Poiret, foi precursor e pré-moderno. Com sua atitude ousada, rompeu com séculos de tradição do vestuário feminino, e Aboliu o grande vilão da indumentária, o espartilho,  incorporando à moda européia,  roupas com influência oriental, como túnicas, quimonos, capas e calças  amplas.
O casaco  Fantasio, é uma peça intrigante, que chama a atenção,  gera estranhamento e ao mesmo tempo insinua um certo mistério, sobre o que pode estar por baixo de sua forma  ampla. Essa era na verdade, a intenção de Poiret. Ele pretendia esconder a silhueta da mulher, até então exacerbada e aprisionada, pelos padrões rígidos da Belle ´Époque,   propondo assim, uma relação mais livre e prática, da mulher com sua roupa e seu corpo. A linha preta sinuosa, aplicada ao casaco, referência artística notória do Art Nouveau, quebra e suaviza, a geometria da modelagem da peça. Aqui, não é mais a roupa que faz a atitude da mulher,  mas a mulher que dá atitude à sua roupa.

Versace, pôde experimentar a criação em um momento que a moda, já havia passado por uma revolução cultural, e também, sexual. A partir dos anos 80, isso vai se tornar notório, nas atitudes de contracultura, que advém dos movimentos jovens. Punks, new waves, andróginos. clubbers. Variações para todos os gostos e estilos. Versace apostou na   imagem de uma mulher exuberante, e quando se atribui a ele, o termo sexista (do superlativo em inglês "sexiest", o mais sexy(, está se referindo a uma roupa com forte  conotação sexual, que evidencia as  formas e a sinuosidade do corpo  feminino. É o que se nota na fotografia com o modelo de Versace. O vestido faz referência a uma coleção icônica, lançada pela grife na década de 90, intitulada "Bondage", e, mais recentemente, revisitada nos figurinos, da cantorapop, Lady Gaga. O Bondage, a que se refere o tema da coleção, vem do sentido fetichista da expressão do francês : submissão, escravidão), que consiste em uma forma de se amarrar, ou amarrar alguém, com foco no prazer. Há quem o considere, no mundo contemporâneo, como  uma manifestação artística, utilizando a sua prática para fins estéticos.   Daí, não é difícil entender, de onde veio a inspiração de Versace, para a criação de uma coleção, com roupas, que são extremamente marcadas e ajustadas ao  corpo,   revelando assim,  toda a sinuosidade, e sensualidade das formas  femininas.

As duas obras exibem, portanto, um conceito similar, interagindo com o espaço à sua volta, porém em uma relação inversa. Enquanto Poiret cria a sinuosidade na peça, para que esta, interfira na relação com o corpo, Versace utiliza a sinuosidade do corpo, ´para que esta interaja com a roupa e com a composição esquemática do espaço na fotografia, transformando a mulher em um objeto de desejo.

A referência de Versace, se apresenta muito recorrente na publicidade contemporânea, que aliada à fotografia de moda, apela para a exploração de uma imagem provocante, em alguns casos erotizada e pode-se dizer até, extremamente fetichista. Essa tendência, vem sendo marcante desde a década de 80, com campanhas que exploraram o corpo feminino, em detrimento ao forte apelo comercial. Slogans como "Não há nada entre minha Calvin e eu", da atriz ninfeta Brook Shields, para a marca Calvin Klein, em um comercial de jeans, foi  apenas uma premissa do que viria a acontecer, nas décadas posteriores. De Madonna, com seu celebrado sutiã bicudo, a Lady Gaga com seus looks de carne crua, passando por   merchandisings memoráveis, de nomes  da moda contemporânea, como o próprio Versace, Gaultier, Tom Ford, Marc Jacobs, entre outros, que utilizaram a fotografia de moda artística, como recurso para o conceito imagético de suas grifes.


 Campanha do perfume Tom Ford for Men, por Terry Richardson – Anos 2000



Convido à conferirem, algumas dessas referências, que selecionei no link abaixo,, e que exemplificam, com propriedade, essa simbiose, do apelo comercial com a sinuosidade, em ambos os gêneros e em termos bastante explícitos.


Divirtam-se!

Thiago Cerejeira

Obs. :

 Quem desejar pode conferir  abaixo compacto do desfile da Bondage Collection de 1992, da Versace:
 

Fórum 5 - Bloco Distorção



Pós-graduação em Artes Visuais - Cultura e Criação
Senac - Centro Nacional de Educação a Distância



Fórum 5 -Bloco Distorção

Se a arte moderna pôs em crise as formas tradicionais de representação da figura, isso aconteceu porque tais formas já não correspondiam à experiência e ao pensamento do homem que vivia a modernidade dos séculos XIX e XX – o modelo clássico havia deixado de ser capaz de expressar as novas relações desse homem com seu ambiente e seu tempo. Lembre-se das obras que vimos até aqui, não somente neste bloco mas também nos anteriores, e reflita sobre a representação da figura nos diversos movimentos artísticos. Tome em especial as transformações ocorridas entre o impressionismo, o expressionismo e o cubismo, e debata: o que o desenvolvimento da relação figura/fundo ao longo desses três movimentos poderia nos revelar sobre a relação homem/mundo na modernidade?

Resposta:


Se observarmos atentamente, perceberemos que as raízes da arte moderna, estão no Impressionismo.  No final do século 19, alguns jovens artistas, insatisfeitos com a pintura acadêmica, ávidos por novas possibilidades artísticas, inauguraram um novo estilo que  viria influenciar, toda uma geração subsequente.  Na verdade, o advento da fotografia e o desenvolvimento  industrial  e tecnológico, foram decisivos para que  o artista repensasse seu momento e modificasse sua arte.  Uma das principais características do movimento foi captar o aspecto transitório da vida e do mundo. Os impressionistas empregaram em suas pinturas o caráter inacabado e houve uma completa mudança de valores.  A fotografia é emblemática neste contexto, pois  eles começam a pintar mais o que SENTEM do que o que vêem. Saem dos ateliês e vão pintar ao ar livre. Há uma maior liberdade para captar
sem regras as impressões do momento, com pinceladas mais amplas, figuras ausentes de  contornos, harmonia sem preto,  com poucos detalhes, em uma mistura ótica de cor, luz e  sombra.  Deste modo,  eles renunciaram à visão racional que se tinha das formas, e a substituíram por um método em que o imaginário preponderava, permitindo a análise, como se  a obra estivesse em aberto.  O impressionismo não procurava reproduzir a realidade, mas apenas sugeri-la.  É de fato,  uma fase revolucionária na arte, até porque de modo irônico, esses artistas foram rejeitados inicialmente,   face à incompreensão de suas obras.  Manet, Monet, Renoir, Degas, Toulouse Lautrec,  representaram bem essa corrente artística, talvez a mais rica, completa e inovadora da história da arte.

Se por sua vez, os quadros impressionistas, com sua temática tão  própria 'a la Belle Époque',  conseguem transmitir uma sensação agradável de um instante passageiro e fulgaz, no EXpressionismo, em oposição,  há de se lidar com o registro e a denúncia da dor humana. Talvez seja incoerente tratá-lo como um estilo, se observarmos que de fato ele sempre existiu, pois desde os tempos  mais remotos, o homem faz expressionismo, embora inconsciente dessa  denominação. Isto está implícito, por exemplo, nas representações da era primitiva, em que o homem deformava por necessidade própria, a imagem de animais e objetos do período.  Contudo, surge como corrente artística, no início do século 20 e vai se contrapor aos padrões estéticos de beleza da Antiguidade Clássica, imbuído de dois aspectos muito peculiares, o técnico e o psicológico, onde podemos destacar, no técnico,  a acentuação forte e escura dos contornos, ao redor das figuras,  denotando sempre um  contraste violento.  Já no aspecto psicológico, a essência é a de uma arte quase  que de instinto,  com pinceladas muito nervosas e rápidas, o oposto da pincelada delicada do impressionista. Os expressionistas promovem o interesse pelo   drama individual, oposto do impressionismo que só retratava o belo. Há também um certo tipo de  Protesto contra tudo.  Tudo é exagerado e distorcido para retratar "aquela emoção, aquela dor". É a própria deformação da figura. Quando o artista deforma a figura, ele obedece a um desejo de fazer um apelo à emoção com muito vigor, até mesmo na alegria. Um assunto expressionista é sempre distorcido, amargo, dolorido. O expressionismo não é belo no sentido da estética. Uma caricatura, por exemplo, pode ser considerada  expressionista, porque distorce para representar algo interessante e tem humor. Uma obra expressionista é um golpe para quem a vê. Mexe com a cabeça, com as emoções. A corrente expressionista tem, portanto, uma forte distorção, mas com um  estado mental  muito próprio, a ser colocado na obra.

Se o Expressionista é a emoção e o Impressionista a sensação, o que virá caracterizar o cubista, será o conceitual e o racional.  Aarte cubista é muito elaborada e se vale mais da memória do apreciador,  do que dos objetos concretamente vistos pelos olhos. O pintor cubista vai pegar um objeto e quebrá-lo em partes. A minha memória, é que vai ter que olhar essas partes e montar novamente o objeto. Enquanto no Impressionismo o espectador utiliza o que sente para interpretar a obra, na pintura cubista ele terá de usar o raciocínio para entendê-la.    O Cubismo vai ser uma reação contra a afirmação de que o mundo que nos cerca é acadêmico. Os pintores Cubistas como Picasso, Leger, Braque, Juan Griss, entre outros, foram muito apoiados na imprensa pelos escritores que publicavam sobre essa nova arte tão intelectual, tida como uma nova forma de ver e representar o mundo.

Escolhi, em especial, quatro referências que exemplificam o conceito destas  correntes artísticas. A escolha das obras, baseou-se na sua representatividade para os estilos em questão, e também na  existência de uma certa afinidade com minha área de pesquisa, a moda e o figurino.  há ainda, um aspecto comum em todas elas, que é o da utilização da figura humana, em suas composições.

A tela de Seurat, é uma obra muito particular, desenvolvida através do pontilhismo,  técnica que utiliza   minúsculos pontos de tinta, que criam a impressão de um todo, se vista  a partir de uma certa distância. A obra atende ao ideal impressionista,  pois registra um instante efêmero, ao retratar uma cena bucólica e típica da Belle Époque, ao ar livre,  e que exalta a luminosidade. Uma poesia visual que, além disso, traz ainda a referência de trajes do vestuário desta época.  Em consonância com o mesmo período, a pintura de Toulouse-Lautrec, encanta e seduz, ao retratar o contexto da vida boêmia parisiense, com seu aspecto bem-humorado e algumas vezes, até caricato.  Toulouse Lautrec é quase expressionista por deformar as bailarinas de kan-kan. Tem uma ponte entre o impressionismo e expressionismo. Sua pintura é dinâmica como a fotografia de seu tempo, e  tem uma luz forte, bem característica da noite.

Picasso buscou inspiração na cultura africana para sua obra " Les Demoiselles d'Avignon". Deu um novo sentido às artes e transformou seu tempo,  ao exibir   uma pintura de simplificações violentas e elementares. Esta obra expressa  a sua revolta contra toda a arte Ocidental, oriunda da Renascença e que baseava-se na representação da beleza da mulher. É considerada também a obra precursora do movimento cubista.

Picasso influenciou muitos artistas contemporâneos, entre eles, o brasileiro Cândido Portinari, que desenvolveu em suas obras, um forte caráter expressionista.  Portinari conseguiu retratar em suas obras o dia a dia do brasileiro comum, procurando denunciar os problemas sociais do nosso país. No quadro Os Retirantes, produzido em 1944, Portinari expõe o sofrimento dos migrantes, representados por pessoas magérrimas e com expressões que transmitem sentimentos de fome e miséria.

Referências:

1) Salão na Rue des Moulins, 1894 - Henri de Toulouse-Lautrec

2) Tarde de Domingo na Île de laGrand Jette, 1894-96 - georges seurat

3) Les Demoiselles D'Avignon, 1907 - Pablo Picasso

4) Retirantes, 1944 - cândido Portinari






Thiago Cerejeira

Monday, 17 September 2012

Questão Individual 2 - Moda: Reflexo de seu Tempo

Pós-graduação em Artes Visuais - Cultura e Criação

Senac - Centro Nacional de Educação a Distância

Questão Individual 2

Texto:

Moda: Reflexo de seu tempo

por Thiago Cerejeira

A Moda enquanto fenômeno social é uma manifestação que surge no final da idade média, ocasionada pelo desenvolvimento das cidades e a organização da vida nas cortes.

A aproximação das pessoas na área urbana levou ao desejo de imitar, e enriquecidos pelo comércio, os burgueses passaram a copiar as roupas dos nobres, criando assim a dinâmica de um sistema com caráter estratificador, que promoveu a diferenciação dos trajes, tanto no conceito de gênero, entre homens e mulheres, quanto no aspecto social. As convenções acerca do que usar seguiam os padrões ditados pela nobreza. A primeira noção da figura de estilista ou criador, data do final do século 18, e é atribuída a Rose Bertin (1747 - 1813), modista responsável pelas toilletes da rainha Maria Antonieta, da França.

No século 19, surgiram necessidades mais complexas de distinção das vestimentas, relacionadas à afirmação pessoal do indivíduo como membro de um grupo, assim como de sua capacidade de expressar idéias e sentimentos. Essas mudanças se caracterizaram principalmente nos artigos utilizados para a confecção das roupas. Antes não havia distinção entre os tecidos usados por homens e mulheres, e é a partir de então que o vestuário desses dois grupos se afasta cada vez mais, restrito para eles e abundante para elas.

A Revolução Industrial instala uma nova fase na moda, de aceleração mudanças e novos desafios. A figura do estilista ou criador é reconhecida profissionalmente com o advento da Alta-Costura, no início do século 20, estabelecendo novos padrões de consumo e uma ruptura com a indumentária de décadas anteriores. Porém só a partir dos anos 60 se inicia o que se define como uma segunda etapa do vestuário contemporâneo, com novos valores entrando em cena, e instaurando uma fase mais sofisticada de leitura de moda. Para o francês Gilles Lipovetsky, o grande período da moda foi de 1850 a 1970, quando ocorreram as grandes revoluções de estilo que marcaram a aparência moderna. Segundo Lipovetsky, a roupa foi emblemática de posição social por séculos, mas na contemporaneidade, deve assumir um caráter essencialmente prático.

A moda está inserida em um contexto, que por vezes, se inspira e promove releituras do passado. Neste sentido, é importante destacar as contribuições de artistas emblemáticos, que apresentam aspectos de continuidade com o passado, afinidade com o presente e projeção de futuro.

Giacommo Balla (1871 - 1958) foi um dos pintores a assinar o Manifesto Futurista de 1910 que cultuava um movimento, através da idealização de um futuro urbano e moderno, feito de sensações intensas e mudanças contínuas. Ao criar o "figurino para um ballet futurista", em 1930, Balla procurou incorporar na própria roupa, o que seriam os efeitos visuais da dança sob a iluminação de palco reforçando as sensações de dinamismo e variação no corpo dançante. Sua projeção para o futuro aparece na liberdade de expressão em criar figurinos informais, que rompem com o padrão clássico, adaptáveis às diversas situações e que poderiam ser usados por ambos os gêneros. A ligação com o passado é representada pela inspiração na roupa de corte reto, antes associada somente ao vestuário masculino, mas reinventada e inserida, no guarda-roupa feminino, pela estilista Coco Chanel (1883 - 1971), na década anterior. Chanel foi a estilista responsável por trazer o terno masculino para o universo feminino, e hoje, o terninho de alfaiate usado pelas mulheres é o marco da moda do século 20, pois a peça transmite para as mulheres a mesma sensualidade e poder que transmite aos homens, e é isso que o torna um clássico da moda.


Figurino para um ballet futurista, 1930 - Giacommo Balla




Tailleur - O terno masculino adaptado ao universo feminino,,Década de 20 - Coco Chanel


Outra contribuição atribuída à Mademoiselle Chanel é a de libertar o corpo feminino do aprisionamento dos espartilhos, peça muito utilizada na indumentária dos séculos anteriores. Essa quebra e libertação do corpo da mulher também foi incentivada, nesta mesma época, por Madeleine Vionnet (1875 - 1976), outra artista inovadora da Alta-costura, que, diferente dos cortes retos de Coco Chanel, explorava tecidos leves, que se adaptavam ao corpo, com vestidos em corte enviesado e drapeados, referência que buscou no passado, inspirada na arte grega, sinônimo de leveza, harmonia e elegância. A afinidade com o presente foi uma releitura que conferiu desobrigação do corpo feminino, do uso dos corseletes, trazendo mais conforto e construindo uma nova personalidade para a mulher até os dias de hoje.


A mulher e o espartilho, imagem do início do século 20 "Belle Époque"


Baas Relief, 1931 - Madeleine Vionnet


No Brasil, na década de 50, o desenhista Alceu Penna (1915 - 1980), conseguiu com seu desenho agir sobre o modo de ser do brasileiro, determinar maneiras de comportamento, de sentir, escolher e vestir, construindo assim a primeira noção de uma moda tipicamente nacional. Mulheres de biquíni, lindas e maliciosas, foram temas constantes em sua coluna "As Garotas do Alceu", da revista O cruzeiro, onde ele representava a mulher brasileira e lançava moda, referência para estilistas e modistas. Sua ilustração revoluciona e recorre ao passado, quando mostra o biquíni, criado a partir do maiô, uma peça única já aceita e absorvida pela sociedade. A divulgação do biquíni, em suas publicações, simbolizou o primeiro passo para a liberdade e liberação do corpo feminino, tornando a peça popular e caracterizando-a como uma moda integrada à sociedade moderna e associada ao ideal da mulher do futuro, livre, bonita e sedutora.


Ilustração de moda com maiô, Década de 50 - Alceu Penna


Ilustração de moda com biquini, década de 1950 - Alceu Penna

Uma importante ressalva, se faz necessária ao estilista francês Christian Lacroix, hoje tido como uma grande referência da Alta-costura, e que insere o conceito contemporâneo de sustentabilidade na moda, abordando questões relativas à reciclagem e reaproveitamento de materiais, estabelecendo a relação "Do lixo ao luxo", evidente em sua criação de 1996, "Casaco de Organza Rasgada", confeccionado a partir de retalhos. Essa inserção de Lacroix alerta para os rumos da moda no mundo contemporâneo e incita à postura crítica que se deve assumir diante da responsabilidade social sobre uma conscientização ecológica, para a projeção do futuro, assunto-chave na pauta de debates do novo milênio. A análise desse conceito nos leva à reflexão do pensamento deixado pelo sociólogo francês Jean Baudrillard, que ao definir o sistema da moda, coloca:

"A moda e, de modo mais amplo o consumo, que é inseparável da moda, mascara uma inércia social profunda"


Casaco de organza rasgada, 1996 - Christian Lacroix


Ilustração de moda, Década de 90 - Christian Lacroix



Referências:

BARTHES, Roland. O sistema da moda. São Paulo: Ed. Nacional / Edusp, 1979.

CALDAS, Dario. Universo da Moda: Curso Online. São Paulo: Anhembi Morumbi, 1999.

CEREJEIRA, T. L. T. Moda: Reflexo de seu Tempo. 2012.

Arquivo em PDF disponível para download em:

http://www.4shared.com/office/fwvdVXya/qti_2_-_moda_reflexo_de_seu_te.html

CEREJEIRA, T. L. T. "E quanto ao surgimento da moda". Disponível em: www.modahistoria.blogspot.com.

HOLLANDER, Anne. O Sexo e as Roupas: a Evolução do Traje Moderno. Rio de Janeiro: Rocco, 1996.

LIPOVETSKY, Gilles. O Império do Efêmero: a Moda e Seu Destino nas Sociedades Modernas. Trad. Maria Lúcia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

PALOMINO, Érika. Amoda. São Paulo: Publifolha, 2002.