Tuesday, 11 September 2012

Questão Individual 1 - A Fotografia como Linguagem Universal

Pós-graduação em Artes Visuais - Cultura e Criação

Senac - Centro Nacional de Educação a Distância



Questão Individual 1

Texto: A Fotografia como Linguagem Universal


por Thiago Cerejeira


O texto "O Tempo e os Tempos na Fotografia", de Dante Gastaldoni, traça um panorama da tão recente História da Fotografia, e leva a um entendimento do quão importante foi o advento desta manifestação, para o século XX, visto que, influenciou notoriamente, as subsequentes concepções estéticasda arte moderna.

A Fotografia surge, em meio à efervescência e aos rumores da Revolução Industrial, no século XIX, embora se saiba que, o conhecimento básico de sua técnica é oriundo de tempos mais remotos. A princípio aparece como uma forma alternativa, e diga-se revolucionária de produzir imagens, se comparada à tradição da pintura acadêmica. Sua técnica consistia em aprisionar e reproduzir, imagens captadas do meio natural, através de um processo físico-químico, que segundo descreve Gastaldoni, "permitiu ao homem escrever com a luz". A evolução deste processo foi muito acelerada e em pouquíssimo tempo, por volta da segunda metade do século XIX, já era possível produzir retratos, em questão de segundos.

A descoberta da fotografia trouxe, não só uma revolução no comportamento e nos modos de consumo das pessoas, mas instaurou um novo perfil, no que diz respeito às artes plásticas. Os rumos do mercado fotográfico, atingiram um crescimento vertiginoso, colocando em xeque os valores da pintura tradicional. A fotografia, porém, foi questionada por muitos críticos, que a consideravam como uma mera forma de reprodução, mecânica e não dotada de teor artístico. As opiniões eram divergentes, mas conforme colocou o filósofo Walter Benjamin, "pela primeira vez no processo de reprodução da imagem a mão foi liberada das responsabilidades artísticas mais importantes, que agora cabiam unicamente ao olho". Deste modo, esta dinâmica veio a influenciar os artistas pré-impressionistas, que deram o primeiro passo, rompendo com os conceitos das artes clássicas e com as escolas acadêmicas, dando início assim, à era da Arte Moderna.

Neste contexto é possível perceber que o processo da fotografia é similar ao das artes em geral, pois elas se impulsionam, transformando o tempo ao seu redor. Foi assim com Le Gray, em sua fotografia de 1856, que revolucionou, ao eternizar o instante preciso do movimento de uma onda no mar. Esta tentativa ia justamente de encontro ao princípio,utilizado em outrora, que para capturar a imagem era necessário manter o objeto a ser fotografado, imóvel. Da mesma forma que, em "A Estação de Saint-Lazare", de Monet, podemos observar a tentativa de reconstituir a sensação luminosa de uma situação passageira, experimentada sobre os efeitos variáveis da luz natural, fazendo parecer que a imagem está congelada, o que evidenciaria, de certa forma,os recursos utilizados pelos impressionistas, para a dissolução da cor e das formas rígidas, até então estudadas sobre a luz fixa dos ateliês mais tradicionais.



Onda, 1856 - Gustave Le Gray


A Estação de Saint-Lazare, 1877 - Claude Monet


Nessa perspectiva, pode ser considerada a idéia do Pier de Smithson, onde o movimento que a obra exige é o deslocamento espacial temporal, exigindo a participação física, de quem a contempla e, mesmo sendo uma obra estática, o observador precisa estar em movimento. Análogos a esse conceito, temos o design de Gaetano Pescee e o trecho do filne"Entr'acte", de René Clair, onde é possível perceber o movimento associado à sensação de leveza, com a expansão das formas, tanto nas poltronas como na saia da bailarina dadaísta, transformando os sentidos, e permitindo que o tempo corresse livremente. E por fim, Mira Schendel nos pontua com a idéia de fragilidade do tempo, com seu Trenzinho, feito de frágeis folhas de papel, penduradas em um fio.

Píer em espiral, 1970 - Robert Smithson


Todos estes artistas, e suas obras, modificaram os sentidos das coisas, modificando também as artes em geral e assim transformando o seu tempo, tempo este que também transforma o olhar. Justificando esse novo ideal, Daguerre, Eastman, Bresson e Sebastião Salgado, entre outros, contribuíram para que a fotografia tivesse o papel que tem nos dias atuais nas artes visuais. A vontade de cada um destes fotógrafos, de descobrir novos meios de registrar imagens que pudessem ultrapassar os limites do tempo, deu à fotografia e à arte em geral novos sentidos, transformando completamente a relação do artista com a sua obra e com quem a observa.


Abbey Road , 1969 (Capa de disco dos Beatles) - Iain McMillan


Albert Einstein, 1951 - Arthur Sasse


Dante Gastaldoni, em seu texto, sugere ainda que toda fotografia é, a um só tempo, janela e espelho. Isto significaria dizer que de certa forma, para os fotógrafos,o domínio da técnica muitas vezes é secundário e que O diferencial estaria, na verdade, na sua capacidade de produzir uma obra inovadora a partir da afinidade entre o tema escolhido e a sensibilidade do olhar que o registra.


Criança faminta no Sudão, 1994 (Vencedora do Pulitzer Prize) - Kevin Carter


Phan Thi Kim Phuc, 1972 (Menina vítima da Guerra do Vietnã / Prêmio Pulitzer World Press Photo of the Year) - Nick Ut


Ao citar que, a fotografia e o tempo tinham uma relação totalmente peculiar, Cartier-Bresson, em uma de suas frases mais célebres,disse que "fotografar é colocar na mesma linha de mira a cabeça, o olho e o coração". E complementou: "com o olho que está fechado, olha-se para dentro, com o outro olha-se para fora", como que ratificando a metáfora da janela e do espelho.

E, para teorizar a característica da Fotografia como uma linguagem universal, cito Sebastião Salgado, que afirma:

"Finalmente descobrimos uma linguagem universal, que é a imagem. A fotografia que faço aqui no Brasil vai ser difundida em dez, doze países, sem uma linha de tradução. Qualquer um que ler a minha imagem no Japão vai compreender, quem ler minha imagem na Índia vai compreender. A imagem é realmente uma escrita, uma linguagem universal".

Esta seria talvez, a base e fundamento, da expressão, tão popularmente conhecida, que diz "Uma foto vale mais que mil palavras". Assim sendo, ilustro esse texto, com algumas contribuições de fotografias que fizeram história pelos tempos, através das mãos, do olhar e da sensibilidade de grandes mestres da fotografia.


Garota Afegã, 1984 (Capa da Revista National Geographic) - Steve McCurry


Guerillero Heroico, 1960 (Che Guevara) - Alberto Korda



Referências

CEREJEIRA, T. L. T. A Fotografia como Linguagem Universal. 2012.

Arquivo em PDF disponível para download em:

http://www.4shared.com/office/EeA_t8xP/qti_1_-_a_fotografia_como_ling.html

GASTALDONI, Dante. O Tempo e os Tempos na Fotografia. 2004.

http://falacultura.com/2011/08/19/fotos-famosas/

Acessado em 18.06.2012

http://www.mdig.com.br/index.php?itemid=1205

Acessado em 18.06.2012

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