Tuesday, 11 September 2012

Fórum 2 - Bloco Leveza

Pós-graduação em Artes Visuais - Cultura e Criação

Senac - Centro Nacional de Educação a Distância


Fórum 2 - Bloco Leveza

Pense em seu contexto cultural e nas informações visuais de que está cercado. Escolha um desses três conceitos -abstração, iconoclastia e precariedade - e reflita sobre algumas formas ou situações do ambiente à sua volta em que esse conceito possa ser relacionado à idéia de liberdade. Através de um exemplo, explique como você compreende o sentido de liberdade do conceito que escolheu.

Resposta:

A imersão nos estudos deste bloco, me levou imediatamente a recordar, uma obra literária, que aborda de forma filosófica, os aspectos relacionados ao tema em discussão. Em "A Insustentável Leveza do Ser", (1984), Milan Kundera, embasado na filosofia pré-socrática, aborda a relação peso/leveza, em que a problemática estaria na dualidade do ser, no conflito existente entre presença e ausência. Exemplifica essa teoria, quando cita, por exemplo, o frio como ausência de calor. Assim, afirma o peso como ausência. Como não não-leveza.

Em seu romance, Kundera coloca, na construção de um de seus personagens, a condição de não querer carregar o "peso" da vida, escolhendo viver sem compromisso com qualquer tipo de problema, em uma atitude,que pode ser considerada, em termos, como "leve" e, portanto livre.

O autor incita então, à uma reflexão, acerca da teoria de Nietzsche, que fala da vida como um eterno retorno, sendo primordial a necessidade de errar e tentar, tantas vezes quanto for necessário, afastando de si o conceito de uma vida linear, num contexto de mesmices, e que se contrapõe à idéia de levarmos uma vida de liberdade, uma vida que valha a pena ser vivida.

Nesse sentido optei por discutir aqui a noção de iconoclastia, que enfatiza o significado de rompimento drástico com comportamentos e idéias estabelecidos. Escolhi uma referência, que ao meu ver, faz relação direta com as obras aqui já estudadas.

Trata-se do projeto "A Costura do Invisível", do estilista Jum Nakao, apresentado em formato de desfile de moda, na São Paulo Fashion Week, en 2004 e posteriormente transformado em livro, com a descrição das etapas de concepção do processo criativo e justificativa do projeto.

Assim como nas obras de Shendel e Miyake, o projeto de Jum Nakao, faz alusão à noção de efemeridade, que é associada, muitas vezes, à leveza.

As "roupas " concebidas por Nakao, em papel vergé, seguem a mesma idéia do trenzinho de Shendel. Não são permanentes, nem duráveis, são montadas para existir durante a exposição, não resistem fisicamente ao tempo. E aqui intitula-se um dos conceitos da Moda mais relevantes do século XX, definido pelo francês Gilles Lipovetsky, que a caracteriza como "O Império do Efêmero".

Mas seria possível eternizar o efêmero? Este é um questionamento colocado e incitado por Nakao, face à experiência vivenciada em seu desfile. Segundo ele, "O efêmero pode sim, permanecer".

No que tange à sua intenção, promove a sensação de leveza, graças à combinação entre simplicidade estrutural e sofisticação conceitual.

O conceito de liberdade, instituído pelo desfile de Jum Nakao, é afirmado à medida que " nos fala da própria transitoriedade da experiência estética, que apesar de durar apenas os instantes da observação, é o momento em que uma obra pode ganhar significação e importância para o espectador".



Look da Coleção "A Costura do Invisível", 2004 - Jum Nakao

No link abaixo, pode-se conferir um resumo com imagens e maiores informações do projeto, que é considerado por muitos, como um marco na moda brasileira.

http://modahistoria.blogspot.com.br/2012/07/costura-do-invisivel.html

Em seguida convido à acessarem o link abaixo para visualizarem o compacto do vídeo do desfile.

http://www.youtube.com/watch?v=5cLrpVuNtPI

Thiago Cerejeira


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