Tuesday, 20 November 2012

Fórum 9 - Bloco Geometria



Pós-graduação em Artes Visuais - Cultura e Criação
Senac - Centro Nacional de Educação a Distância


Fórum 9 - Bloco Geometria

A padronização, por exemplo, foi uma das formas de entrada da geometria em nossos espaços e atividades cotidianas. Baseado na repetição ou regularidade de padrões visuais, o conceito de padronização foi importante para propostas tão distintas quanto as de Gropius, Popova e Gernreich. O emprego de padrões na configuração de objetos e construções, na sistematização de movimentos, estruturas e funções tende, no entanto, a homogeneizar alguns aspectos de nossas experiências, minimizando diferenças e especificidades. E isso foi alvo de muitas críticas que, sobretudo a partir da década de 1970, passaram a atribuir um valor negativo ao uso do vocabulário geométrico. E você, em quais situações percebe a geometria como um fator positivo em seu ambiente? E em quais a percebe como negativa?  Dê o exemplo de um objeto ou de uma situação cujas relações visuais sejam baseadas na geometria e debata os valores que atribui a elas.



Resposta:


Impossível negar a percepção da geometria em nosso cotidiano, desde tempos mais remotos até a contemporaneidade.  A roda, as fantásticas e enigmáticas pirâmides egípcias (construções  indecifráveis e enigmáticas até hoje, para muitos engenheiros), a perfeição das esculturas clássicas  gregas (preconizadas em um padrão de simetria), que mais tarde viriam a ser  aperfeiçoadas pelos renascentistas, à la Leonardo e Michelangelo, com seus cânones universais (homem vitruviano) e esquemas piramidais escultóricos.  Contribuições que definiram o cerne de boa parte das ciências subsequentes.

A roupa, é certamente meu objeto de estudo escolhido para exemplificar essa relação visual com a geometria, que paradoxalmente vai de encontro à outro aspecto aqui já estudado, o da sinuosidade, tão característico ao corpo humano. O interessante dessa relação é que o padrão esteticamente rígido de formas geométricas é utilizado para se conseguir à adaptação às formas sinuosas do corpo. Através da junção de linhas, pontos, planos, retas e curvas é possível conseguir resultados impressionantes, que escapam aos olhares mais atentos. A construção de moldes planos para a indústria do vestuário segue logicamente um padrão de simetria e pode, excepcionalmente, ser trabalhado de forma alternativa, como nas elaborações com moulage, técnica clássica e originalmente tradicional da alta-costura, e que já pudemos analisar no estudo das obras de Madeleine Vionnet. Importante ressaltar que esta técnica de modelagem plana não se adequa somente à indumentária, mas a diversos outros segmentos do design.

Paralelo a moda, destaco a arte minimalista e a geração de  artistas que a partir da década de 60, reagiram ao expressionismo abstrato, produzindo obras tridimensionais, que renegavam toda a pretensão à expressividade e ao ilusionismo, e que não eram nem pinturas nem esculturas, configurando o que seria um objeto do qual são retiradas todas as alusões a algo preexistente. Trabalhavam essencialmente sobre figuras geométricas, em que se destacava a abordagem de problemas relativos ao volume, à superfície e a planaridade. Não se tratava pois de  renegar o que tinha sido feito anteriormente, mas sim de mostrar que os critérios anteriores não deveriam servir  de regra para a compreensão de suas obras. Por isso experimentaram categorias radicalmente novas fundamentadas na repetição de uma forma geométrica, enfatizando prioritariamente a relação do espectador com a obra.

Então além dos pintores que insistiram na arte geométrica, como Frank Stella e Ad Reinhardt, com seu  aspecto vazio em que prevalecia a experiência real da cor e da luz,  temos as primeiras estruturas de Le Witt, lineares e transparentes, as esculturas de Morris em volumes fechados vazios, as de Carl Andre com seções de material bruto, sólido, mas às vezes, achatado e sem volume, o trabalho tridimensional de Judd, geralmente aberto, muitas vezes em relevo, algumas vezes pintado ou feito com materiais coloridos, outras uma combinação de ambos, e as propostas de Flavin, coloridas e não pintadas, objetos específicos, mas com limites variáveis.





1941 Red and Blue Compositionoil  on fibreboard - Ad Reinhardt

1962 Hampton Roads, New Madrid,  Delaware Crossing, Sabine Pass, Palmito Ranch and Island No. 10 - frank Stella

1976 Peças modulares de cubo aberto  - Sol Lewitt

1964 Sem título - Robert Morris

1977 Trabum - carl andre

1966 Sem título (pexiglass) - donald  judd

1977 Homenagem a H. Joachim - Dan  Flavin

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