Pós-graduação em Artes Visuais - Cultura
e Criação
Senac - Centro Nacional de Educação a
Distância
Fórum 9 - Bloco Geometria
A padronização, por exemplo, foi uma das
formas de entrada da geometria em nossos espaços e atividades cotidianas.
Baseado na repetição ou regularidade de padrões visuais, o conceito de
padronização foi importante para propostas tão distintas quanto as de Gropius,
Popova e Gernreich. O emprego de padrões na configuração de objetos e
construções, na sistematização de movimentos, estruturas e funções tende, no
entanto, a homogeneizar alguns aspectos de nossas experiências, minimizando
diferenças e especificidades. E isso foi alvo de muitas críticas que, sobretudo
a partir da década de 1970, passaram a atribuir um valor negativo ao uso do
vocabulário geométrico. E você, em quais situações percebe a geometria como um
fator positivo em seu ambiente? E em quais a percebe como negativa? Dê o
exemplo de um objeto ou de uma situação cujas relações visuais sejam baseadas
na geometria e debata os valores que atribui a elas.
Resposta:
Impossível negar a percepção da geometria em
nosso cotidiano, desde tempos mais remotos até a contemporaneidade. A roda, as fantásticas e enigmáticas
pirâmides egípcias (construções
indecifráveis e enigmáticas até hoje, para muitos engenheiros), a
perfeição das esculturas clássicas
gregas (preconizadas em um padrão de simetria), que mais tarde viriam a
ser aperfeiçoadas pelos renascentistas,
à la Leonardo e Michelangelo, com seus cânones universais (homem vitruviano) e
esquemas piramidais escultóricos. Contribuições
que definiram o cerne de boa parte das ciências subsequentes.
A roupa, é certamente meu objeto de estudo
escolhido para exemplificar essa relação visual com a geometria, que
paradoxalmente vai de encontro à outro aspecto aqui já estudado, o da
sinuosidade, tão característico ao corpo humano. O interessante dessa relação é
que o padrão esteticamente rígido de formas geométricas é utilizado para se
conseguir à adaptação às formas sinuosas do corpo. Através da junção de linhas,
pontos, planos, retas e curvas é possível conseguir resultados impressionantes,
que escapam aos olhares mais atentos. A construção de moldes planos para a
indústria do vestuário segue logicamente um padrão de simetria e pode,
excepcionalmente, ser trabalhado de forma alternativa, como nas elaborações com
moulage, técnica clássica e originalmente tradicional da alta-costura, e que já
pudemos analisar no estudo das obras de Madeleine Vionnet. Importante ressaltar
que esta técnica de modelagem plana não se adequa somente à indumentária, mas a
diversos outros segmentos do design.
Paralelo a moda, destaco a arte minimalista e
a geração de artistas que a partir da
década de 60, reagiram ao expressionismo abstrato, produzindo obras
tridimensionais, que renegavam toda a pretensão à expressividade e ao
ilusionismo, e que não eram nem pinturas nem esculturas, configurando o que
seria um objeto do qual são retiradas todas as alusões a algo preexistente.
Trabalhavam essencialmente sobre figuras geométricas, em que se destacava a
abordagem de problemas relativos ao volume, à superfície e a planaridade. Não
se tratava pois de renegar o que tinha
sido feito anteriormente, mas sim de mostrar que os critérios anteriores não
deveriam servir de regra para a
compreensão de suas obras. Por isso experimentaram categorias radicalmente
novas fundamentadas na repetição de uma forma geométrica, enfatizando
prioritariamente a relação do espectador com a obra.
Então além dos pintores que insistiram na
arte geométrica, como Frank Stella e Ad Reinhardt, com seu aspecto vazio em que prevalecia a experiência
real da cor e da luz, temos as primeiras
estruturas de Le Witt, lineares e transparentes, as esculturas de Morris em
volumes fechados vazios, as de Carl Andre com seções de material bruto, sólido,
mas às vezes, achatado e sem volume, o trabalho tridimensional de Judd, geralmente
aberto, muitas vezes em relevo, algumas vezes pintado ou feito com materiais
coloridos, outras uma combinação de ambos, e as propostas de Flavin, coloridas
e não pintadas, objetos específicos, mas com limites variáveis.
1941 Red and Blue Compositionoil
on fibreboard - Ad Reinhardt
1962 Hampton Roads, New Madrid,
Delaware Crossing, Sabine Pass, Palmito Ranch and Island No. 10 - frank
Stella
1976 Peças modulares
de cubo aberto - Sol Lewitt
1964 Sem título -
Robert Morris
1977 Trabum - carl
andre
1966 Sem título
(pexiglass) - donald judd
1977 Homenagem a H.
Joachim - Dan Flavin

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