Thiago Cerejeira: Atividade Prática 2 - Bloco Leveza : "Moulage em Papel"

Pós-graduação em Artes Visuais - Cultura e Criação

Senac - Centro Nacional de Educação a Distância

Atividade Prática 2 - Bloco Leveza

"Moulage em Papel"

A Proposta que serviu de base, para realização desta atividade prática, segue a diretriz abaixo:

"b) A leveza pode ser associada à transitoriedade e à fragilidade. Crie uma imagem de leveza que comunique regularidade e ordem, mas que também seja extremamente frágil e pouco durável."

A ideia apresentada para esta atividade prática está embasada nas duas referências abaixo, apresentadas e discutidas durante os estudos realizados neste bloco. Elas seguem os aspectos inerentes à esse conceito, privilegiando o efeito de leveza e o apelo estético que transmite a sensação de "flutuar".

1. Bas-relief, 1931 - Madeleine Vionnet

2. Modelo da coleção "A Costura do Invisível", 2004 - Jum Nakao

Optei pela fusão dos dois conceitos acima, na orientação de um trabalho elaborado em 2008, junto à turma do curso de "Comunicação em Moda", do Senai/RN.

Inicialmente foi proposto aos alunos, uma análise do projeto desenvolvido pelo estilista Jum Nakao, em seu desfile conceitual "A Costura do Invisível", apresentado na temporada 2004, da São Paulo Fashion Week. O intuito aqui era estimular a reflexão crítica, acerca da ideia de efêmero, característica tão associada à moda, na contemporaneidade.

Paralelo a este foco, foi questionado aos alunos, de que outras formas o projeto de Nakao poderia ser revisitado, de maneira que se mantivesse a mesma essência. No rol de opções debatidas entre o grupo, optou-se pela escolha de uma técnica, muito utilizada na Alta-Costura, conhecida como Moulage.

A moulage é uma técnica de reprodução de formas em três dimensões (3D). No que se refere à confecção, define-se como uma técnica de criação de formas e moldes para construção de vestuário a partir do revestimento do corpo com tecido. Ou seja, trata-se da técnica de modelagem onde a construção dos moldes de uma roupa é feita diretamente sobre o corpo humano ou busto de costura.

A técnica do Moulage

Esta técnica permite a percepção real das formas estruturais do corpo no momento da modelagem. A visualização imediata da roupa no espaço permite a interação dinâmica entre o criador e o tecido, jogando com o seu comportamento, caimento e volume, durante toda a fase de criação.

Neste sentido, a influência de Madeleine Vionnet, foi fundamental para a execução deste trabalho, pois ela é considerada uma das maiores especialistas nessa técnica. Inaugurou sua própria maison em 1912, fechou-a durante a 1ª Guerra Mundial, e quando a reabriu começou a ganhar a preferência de muitas atrizes da época. Com um estilo inovador, costumava criar seus modelos diretamente em um manequim em miniatura.

Madeleine Vionnet e sua técnica de moulage, em miniatura.

Duas de suas principais características eram o drapeado e o corte enviesado, para os quais encomendava tecidos com o dobro de largura do que o habitual - seus tecidos prediletos eram o crepe, a gabardine e o cetim, que ela manejava com maestria, a ponto de ser considerada a estilista que mais contribuições técnicas deu à alta costura.

A intenção pretendida pelo grupo se fez tal como a de Vionnet, que em suas criações, tentava fazer uma releitura dos modelos da Antiguidade Clássica e propor a busca de um novo sentido de ordem e harmonia, num período em que se faziam necessários os processos de retomada e reconstrução.

Modelos de Madeleine Vionnet

De posse das referências e modelos de Vionnet, o grupo se propôs a exercitar essa técnica, a partir da utilização de algum material alternativo. Como o ponto de partida havia sido a conceituação do desfile de Jum Nakao, decidiu-se por um tipo de papel, muito comum e, inclusive usado na confecção de moldes planos para roupas, na indústria do vestuário, o papel madeira.

O exercício foi realizado em manequins de costura, forrados com tecido, apropriados para a técnica do moulage, o que permitiu assim a montagem dos modelos, com materiais simples como alfinetes e cola, aliados à participação criativa dos integrantes do grupo, que puderam praticar um processo de releitura livre.

Deixo abaixo, a imagem de referência , em resposta à solicitação desta atividade prática 02, e em anexo seguinte registro fotográfico contendo etapas e resultados do processo desenvolvido nesta experimentação.